Inovação

Explosão no consumo de energéticos, riscos à saúde e novos desafios: como os seguros podem agir na prevenção e conscientização

Explosão no consumo de energéticos, riscos à saúde e novos desafios: como os seguros podem agir na prevenção e conscientização
E

nergéticos estão em alta no Brasil

O consumo de bebidas energéticas no Brasil cresceu consideravelmente no ano de 2024, e está presente em 38% dos lares brasileiros. Até setembro, cerca de 22 milhões de domicílios passaram a consumir energéticos — mesmo diante de um aumento médio de 3,8% nos preços em relação ao ano anterior. Como uma das causas, tem-se a mudança no comportamento do consumidor, que tem adquirido maiores quantidades do item por compra. Houve um aumento de 3,1% no volume médio por visita aos pontos de venda. Os dados foram apurados pelo Painel de Consumo da Kantar, que acompanha os hábitos de 11.300 lares em todas as regiões do país, representando um universo estimado de 60 milhões de domicílios. A comparação considera os 12 meses encerrados em setembro de 2024 frente ao mesmo período do ano anterior.

Jovem de 20 anos sofre paradas cardíacas após ingestão de energético antes de fazer exercício físico

O consumo de bebidas energéticas tornou-se um hábito muito comum entre jovens que vivem rotinas aceleradas, frequentam academias ou buscam disposição para aproveitar festas e compromissos sociais. No entanto, essa busca por energia imediata tem levado a consequências graves à saúde, como revelam episódios recentes amplamente noticiados. A jovem Jazmin Garza, de 20 anos, moradora do Texas (EUA) sofreu convulsões e múltiplas paradas cardíacas logo após ingerir uma bebida energética e iniciar um treino na academia. Segundo informações divulgadas por seu namorado em uma campanha online, Jazmin tomou apenas um gole da bebida antes de desmaiar, apresentando sangramento nasal e sendo socorrida por uma equipe de emergência, que utilizou um desfibrilador para reanimá-la. A jovem não possuía diagnóstico prévio de problemas cardíacos, mas relatava episódios de palpitações, anteriormente atribuídos à ansiedade. Embora não se possa afirmar que a bebida energética tenha sido a única causa do episódio, ela é apontada como um possível fator de agravamento.

Consumo excessivo e aliado ao álcool aumentam riscos

Já no Brasil, recentemente, o ator Rafael Zulu precisou ser internado após apresentar complicações provocadas pela ingestão de grandes quantidades de energéticos em combinação com álcool. O uso exagerado de bebidas energéticas, especialmente quando combinado com álcool, intensifica os riscos à saúde cardiovascular e neurológica. A cafeína — principal componente desses produtos — tem ação estimulante rápida, provocando aumento da frequência cardíaca, pressão arterial e, em casos extremos, arritmias, convulsões e até parada cardíaca. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), essa combinação pode mascarar a fadiga e sobrecarregar o coração, o que é particularmente perigoso para indivíduos jovens e fisicamente ativos. O consumo excessivo dessas substâncias também pode causar desidratação, um fator adicional que favorece quadros de arritmia. Especialistas alertam que o uso indiscriminado de cafeína — aliado ao álcool, que também altera o ritmo cardíaco — potencializa o risco de eventos graves e internações, como o vivenciado por Zulu. 

O papel das seguradoras

Diante desse novo perfil de risco e da incidência de problemas de saúde associados ao consumo excessivo de energéticos, os seguros podem adotar algumas estratégias de conscientização. Nesse contexto, pode intervir com ações preventivas e educativas, que ajudem a fomentar o consumo responsável e o cuidado com a saúde, contribuindo para a redução de riscos. Seguradoras podem, por exemplo, promover campanhas de orientação sobre consumo consciente e incentivar hábitos saudáveis por meio de programas de bem-estar e benefícios direcionados.

Inovação e prevenção: tecnologias como aliadas

Insurtechs e seguradoras mais avançadas já investem em soluções baseadas em dados comportamentais. Wearables e plataformas digitais são utilizados para monitorar rotinas, frequência cardíaca e outros indicadores que ajudam a prever riscos à saúde.

Essas ferramentas podem ser ajustadas para identificar padrões de consumo de energéticos e emitir alertas preventivos. Além disso, programas de recompensas podem ser implementados para segurados que adotam práticas saudáveis, realização de check-ups regularmente e registro de atividades físicas com equilíbrio.

Possibilidades regulatórias e atuação social

A regulação pode vir a desempenhar um papel essencial no controle do consumo de energéticos. Assim como ocorre em debates sobre alimentos ultraprocessados ou rotulagem de produtos que podem trazer malefícios à saúde, espera-se que as autoridades brasileiras avancem em exigências que envolvam alertas visíveis nos rótulos e recomendações de consumo. O setor de seguros pode se engajar ativamente nessas discussões, reforçando seu compromisso com o bem-estar coletivo.

Um mercado que deve acompanhar a evolução dos riscos

O crescimento acelerado do consumo de bebidas energéticas no Brasil, especialmente entre os jovens, levanta discussões sobre os riscos à saúde associados ao uso excessivo e combinado ao álcool. Os exemplos de Jazmin Garza e Rafael Zulu mostram que as consequências podem ser graves e inesperadas. Nesse cenário, é importante promover uma cultura de prevenção, disseminando informações acerca dos problemas que os energéticos podem provocar. O setor de seguros, ao lado de profissionais da saúde e órgãos reguladores, pode fomentar a conscientização da população, o incentivo a hábitos mais saudáveis e a criação de soluções que acompanhem os novos padrões de comportamento e risco. Com a ajuda da tecnologia, da análise de dados e de iniciativas educativas, as seguradoras têm a oportunidade de ir além da proteção financeira, atuando como parceiras na promoção da saúde e bem-estar.

Postado em
26/6/2025
 na categoria
Inovação
Deixe sua opinião

Mais sobre a categoria

Inovação

VER TUDO