Inovação

Certificação Avançada em ASG & Seguros, da ENS, aborda fundamentos essenciais para o mercado segurador

Certificação Avançada em ASG & Seguros, da ENS, aborda fundamentos essenciais para o mercado segurador
A

ENS (Escola de Negócios e Seguros) lançará, em maio, a segunda turma da Certificação Avançada em ASG & Seguros. Com início previsto para 9 de maio, o curso aborda, de forma estruturada e prática, os principais aspectos dos pilares ASG (Ambiental, Social e Governança) para o mercado de seguros, e também os detalhes pertinentes à implementação da Circular 666/22 da SUSEP. Para falar sobre o programa e sua importância, tanto para o profissional quanto para o mercado segurador, o professor da ENS e coordenador do curso, Mauricio Leite, concedeu entrevista exclusiva à Insurtalks. 

Confira abaixo o bate papo que teve a participação especial do gerente de Estratégia, Inteligência Comercial e Processos da ENS, Ronny Martins:

Insurtalks: Quais são os principais objetivos do curso em relação aos pilares ASG e como eles se relacionam com o mercado segurador?

Mauricio Leite: O objetivo do curso é criar um braço para podermos trabalhar as pautas ASG junto ao mercado segurador, que precisa avançar como um todo ainda mais nesse tema, apesar de já ter algumas ações e departamentos consolidados. O setor já vinha trabalhando nisso, não de forma tímida, mas com poucas pessoas fazendo muito por todo o mercado. A partir dessa necessidade, a ENS criou esse curso para que as pessoas possam conhecer um pouco mais sobre o que é o ASG e gerar mão de obra qualificada para o segmento. 

Curso foi lançado praticamente junto com a Circular

Mauricio explica que as ideias sobre o curso já estavam sendo elaboradas quando surgiu o advento da Circular 666/22 (Circular que estabelece a necessidade de as Companhias produzirem relatórios de sustentabilidade e de ASG). O docente afirma que, apesar de não ter sido concebido por conta dela, o curso se tornou ainda mais interessante porque foi lançado praticamente junto com a Circular.

Corpo docente composto pelos melhores especialistas em cada tema

Ainda sobre os objetivos do curso, o coordenador esclarece que a grade foi concebida para dar uma noção do que significa cada sigla do ASG: “Do que é o ambiental, do que é o social e do que é a governança. E para quem pensa: 'Mas as seguradoras não tem muito a ver com o ambiental‘. Têm sim! E nós pudemos ver isso na primeira turma. Procuramos professores que dominassem as três matérias e que pudessem trazer um pouco de novidade para o mercado segurador. O setor, por sua vez, abraçou não só o curso, mas as pautas ASG, por uma necessidade vinda dessa nova Circular e, também, porque o momento exige isso, o momento exige que as pessoas e empresas estejam atentas para as práticas sustentáveis”.

Insurtalks: Em sua análise, quais as principais tendências e desafios em relação à incorporação dos aspectos ASG nas operações das seguradoras?

Mauricio Leite: Acho que existem algumas faces dessa atuação. Uma face interna, que são coisas simples de dentro da companhia: a coleta seletiva de lixo, a reciclagem do papel, a utilização de lâmpadas econômicas, coisas desse tipo. Outra, que diz respeito ao aspecto social interno da própria seguradora e como são tratadas as questões de equidade de gênero, de raça, acolhimento de profissionais de todas as faixas etárias, todas essas questões relacionadas a um ambiente profissional diverso. Por fim, temos a face ligada ao negócio da seguradora, que é a busca pelo bom risco, ou seja, aquele que não vai se materializar com facilidade em razão dos cuidados adotados pelo segurado na sua prevenção. Então, quando a seguradora vai fazer a subscrição do risco é natural que ela coloque a pauta ASG em cada tipo de risco que ela for analisar. 

Aguçar o olhar para compor um relatório de sustentabilidade sério

Mauricio dá o exemplo de uma situação real para explicar que as seguradoras precisam aguçar o olhar em relação às pautas de sustentabilidade. Ele explica: “Houve uma situação em que foi realizada uma reunião para escolher a comissão das mulheres, e só tinha uma mulher presente, os demais participantes eram todos homens. É uma situação em que você pensa ‘como criar uma comissão de mulheres desse jeito?'. Não vai dar certo. Isso também é um paradigma que deve ser quebrado dentro das empresas e da empresa para fora. Então, acho que a seguradora tem essa missão de ver o seu lado de dentro, olhar para fora e, de tudo isso, extrair informações para compor um relatório de sustentabilidade sério para que seus acionistas entendam isso”.

Insurtalks: O curso vai abordar métodos para que as seguradoras consigam um maior engajamento dos colaboradores, parceiros e clientes em relação aos aspectos ASG?

Mauricio Leite: Pedimos que todos os professores atualizassem a pauta do curso que idealizamos inicialmente, porque aconteceram várias coisas – climáticas, inclusive – que merecem uma abordagem. Na aula, é importante introduzir questões práticas. Um exemplo prático muito simples é a mudança em relação ao cigarro. Antigamente, eu dava aula fumando porque era normal naquela época. Hoje em dia não existe mais isso. As coisas mudaram e continuarão mudando. Mas não foi do dia para a noite, foi tipo ‘água mole em pedra dura, tanto bate até que fura’. Então, em relação ao universo do seguro, tem que existir o engajamento das áreas, do RH das empresas, das áreas de Sustentabilidade .

Insurtalks: Quais são os benefícios imediatos para as seguradoras que adotam práticas ASG em suas operações comerciais e em sua cultura organizacional?

Mauricio Leite: Acredito que as empresas médias e grandes já estão preocupadas e estão se aparelhando em relação às práticas ASG. As grandes já têm suas áreas, suas políticas, seus manuais de procedimento do que fazer com o lixo e o que não fazer. As empresas médias começam a agora a ter consciência de que isso não é um modismo, que veio para ficar, e que elas precisam agir dessa forma. As empresas pequenas, essas sim, precisam ter a consciência de que precisam fazer isso porque, mesmo pequenas, elas são muitas e, juntas, formam empresas muito maiores do que todas as outras que existem. 

Então, essas práticas sustentáveis são importantes. E o que elas ganham com isso? Ganham reconhecimento na hora da contratação do seguro (...). A companhia de seguros, no momento da subscrição vai querer saber: você tem práticas sustentáveis? Quais são? A partir dessas respostas, a subscrição do risco pode ser muito mais favorável para aqueles que têm práticas sustentáveis do que para os que não têm. 

Insurtalks: A certificação trará insumos para que os profissionais consigam identificar de que maneira os aspectos ASG podem afetar a rentabilidade e a longevidade das seguradoras no longo prazo?

 Mauricio Leite: Acredito que qualquer curso que você faça, seja de nível superior, de extensão, técnico ou qualquer outro, ele te mostra o caminho. O curso sinaliza ao aluno onde buscar a informação para se desenvolver, mas não esgota o assunto. A faculdade é assim, ela aponta caminhos, mas não dá a receita pronta.

“Essa certificação tem o objetivo de colocar um farol em cima do assunto ASG, mostrar as infinitas possibilidades que o assunto pode trazer e plantar uma semente na cabeça de cada pessoa que assistir ao curso”

O coordenador e professor do curso explica, a partir de sua própria experiência, que o programa se destina a demonstrar um universo de possibilidades de negócios a partir do ASG.  “Essa certificação tem o objetivo de colocar um farol em cima do assunto ASG, mostrar as infinitas possibilidades que o assunto pode trazer e plantar uma semente na cabeça de cada pessoa que assistir ao curso. Eu, por exemplo, que estudo ASG, fui me aprofundar e ler livros sobre Economia Circular e fiquei maravilhado com o que é possível fazer com ela. Você pensa: ‘isso pode ser monetizado?’ Pode. Se há um sinistro em que o segurado bate o carro, a seguradora pode monetizar da seguinte forma: paga a indenização para o cliente e recupera uma parte com a venda dos salvados, ou seja, com o que sobrou do carro batido. Quando há o desabamento de um prédio, tudo o que sobrou pode ser vendido pela seguradora e, assim, recuperar uma parte do valor pago como indenização. Então, esse curso não é só sobre seguro, é um curso de negócios. Tanto que os professores , em sua maioria, não são do mercado de seguros. O objetivo é trazer informações de outros segmentos para quem quer pensar seguro”.

Insurtalks: O curso vai focar na implantação da Circular 666/22 da SUSEP. Do que essa circular trata, qual a sua finalidade e por que é importante para os profissionais de seguros?

Mauricio Leite: A circular veio para organizar as questões dos relatórios de sustentabilidade das seguradoras. Isso tem origem em uma prática internacional. As matrizes das seguradoras multinacionais praticam isso lá fora. E surgiu a percepção de que o jovem, o entrante no mercado, vai preferir comprar ações de empresas que sejam sustentáveis. Os bancos já têm esse olhar. As seguradoras precisam produzir um relatório de sustentabilidade porque o segurado quer saber o que a companhia está fazendo pelo meio ambiente, pelo social, como é feita a governança da empresa. Então, as seguradoras podem interferir de forma muito decisiva no ambiente de negócios. No mundo todo, a prática da sustentabilidade tem as seguradoras como principais aliadas. 

O rol de seguradoras sustentáveis

De acordo com Mauricio, a circular estabeleceu métodos para a composição do relatório de sustentabilidade, ou seja, o que a seguradora vai fazer, quando e como vai compor esse relatório. Segundo ele, “a ideia é dar uma formatação que dê uma trilha de como as companhias têm que fazer dentro dos prazos estabelecidos. A Susep vai dar as métricas, vai fornecer uma tabela de como classificar as seguradoras e, a partir daí, será criada uma relação das companhias sustentáveis. Então, a circular veio estabelecer os princípios e o que a companhia precisa fazer, como ela vai compor esse relatório. E, anualmente, ela vai divulgar esse relatório a respeito das práticas sustentáveis para todo o mercado ”.

Insurtalks: Um dos módulos do curso trata do alcance social do seguro. O curso irá abordar maneiras pelas quais o mercado segurador pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade, levando em consideração os aspectos ASG?

Mauricio Leite: Essa disciplina será lecionada pelo Pedro Pinheiro, profissional com vasta experiência nessa área. Na primeira turma, ele trouxe modelos de práticas sociais da África e de outros lugares mais carentes do que o Brasil, como exemplo do que se pode fazer, de como é possível trazer isso para o seguro. O produto de seguro é essencialmente social. Há o seguro de vida, os planos de previdência, por exemplo, que têm um olhar social maior. Há o lado do produto em si, que vem para amparar as pessoas no momento em que elas precisam e, também, existe o aspecto de como a seguradora pode interferir na sociedade estabelecendo e incentivando práticas sociais sustentáveis.

Insurtalks: Quais resultados práticos os profissionais de seguros devem esperar ao concluírem o curso?

Mauricio Leite: Hoje, para ter um bom preço no seguro, é preciso mostrar para a companhia qual é o seu risco. E o ASG representa justamente esta síntese. É preciso saber o que a empresa faz, o aspecto social da empresa, como é feita a governança, como a diretoria é dividida, a diversidade de profissionais, as ações em relação ao meio ambiente etc. Isso auxilia na subscrição do risco e resulta em um custo menor e mais justo para o cliente. 

“É preciso entender os aspectos que envolvem a sustentabilidade agora no início porque, com o processo adiantado, será muito mais difícil correr atrás do conhecimento”

Eu li uma reportagem esses dias que falava sobre a extinção de várias profissões por conta da substituição pela Inteligência Artificial. E aí a pessoa não vai querer saber o que é Inteligência Artificial? Acho que sim. A mesma coisa é o ASG. É preciso entender os aspectos que envolvem a sustentabilidade neste momento em que ela está começando porque, depois com o processo adiantado, será muito mais difícil correr atrás do conhecimento. Então, a ENS se antecipou ao lançar esta certificação e está oferecendo uma oportunidade ímpar aos profissionais do setor. 

Aspecto prático e criação de novos empregos

Ronny Martins ressalta que o curso tem um aspecto muito prático. “Existe um módulo que explica o que é a circular e aborda a produção dos relatórios. Esse é um aspecto que eu acho que interessa muito aos alunos”, disse. Maurício acrescenta: “A certificação começa com a abordagem do que é a Circular porque as companhias de seguros, tem que produzir seus relatórios e é importante que elas tenham mão de obra. Nesse sentido, o curso abre também a possibilidade de novos empregos a partir do momento em que um profissional vai ao RH de uma empresa e fala: ‘Eu sei o que é ASG, conheço a Circular 666/22, eu sei o que eu tenho que fazer’. Nesse sentido, o programa procura ser o mais abrangente possível na capacitação das pessoas, dando um start para que elas se desenvolvam e possam colaborar com a elaboração desse relatório de acordo com a Circular.

 “O mercado já nasceu ASG. O objetivo da certificação é preparar mais pessoas para aperfeiçoar e aprimorar essa vocação no nosso mercado”

Ronny ressalta que considera que a essência do seguro é proteger a sociedade e fornecer segurança financeira. “Portanto, o mercado já nasceu ASG. E o objetivo da certificação é preparar mais pessoas para aperfeiçoar e aprimorar essa vocação no nosso setor”, declarou ele, acrescentando que o curso é destinado a todo o ecossistema de seguros e que “o corpo docente é espetacular. O professor Maurício, como coordenador , reuniu os melhores especialistas que poderiam ser encontrados em cada tema”.

A certificação já rendeu frutos

O gerente da ENS aponta que a primeira turma já rendeu frutos para o mercado: “Tivemos mais de 50 alunos na primeira turma, eles foram avaliados com a produção de um artigo no final do curso. Desses alunos, 13 tiveram artigos selecionados para serem publicados numa série de estudos e pesquisas da ENS. Então, além da certificação propriamente dita, o programa também está produzindo material teórico para o mercado. A Escola publicará um livro com esses 13 artigos que foram fruto da primeira turma. Isso é muito bacana porque a certificação não se encerra em si,  e essa é a ideia do ASG naquele grupo de 50 e poucas pessoas. O curso vai se eternizar, de certa forma, com a publicação do livro”, finaliza Ronny.

Postado em
12/5/2023
 na categoria
Inovação
Deixe sua opinião

Mais sobre a categoria

Inovação

VER TUDO