ANS reajusta teto dos planos de saúde em 6,06%: Como as seguradoras podem agir para obter sustentabilidade financeira

ANS ajusta teto para planos individuais e familiares
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou o limite de reajuste de 6,06% para os planos de saúde individuais e familiares, válido para o período entre maio de 2025 e abril de 2026. Essa decisão tem como objetivo equilibrar a pressão inflacionária enfrentada pelos consumidores com a necessidade de garantir a sustentabilidade financeira das operadoras. Nos últimos anos, os reajustes chegaram a superar os 10% em alguns segmentos, o que impactou negativamente a adesão, a renovação de contratos e a sinistralidade das carteiras. O novo índice, portanto, sinaliza um movimento em direção ao equilíbrio entre custo e acesso. A decisão alcança aproximadamente 8 milhões de beneficiários, o que representa cerca de 15% do total de usuários da saúde suplementar no país. Com o reajuste definido, é importante que as seguradoras e operadoras desenvolvam soluções mais eficientes, garantindo a qualidade do atendimento e o equilíbrio econômico no longo prazo.
FenaSaúde vê avanço na gestão, mas sugere revisão no método de cálculo
A FenaSaúde considera o reajuste nos planos individuais e familiares o menor dos últimos 17 anos. A entidade aponta os avanços na gestão das operadoras, que vêm atuando no controle de custos, renegociação de contratos e combate a fraudes. No entanto, defende a revisão da metodologia de cálculo dos reajustes, para que o índice acompanhe as necessidades financeiras reais, especialmente em contratos antigos que acumulam defasagens. O diretor executivo da federação, Bruno Sobral, destaca que o reajuste precisa considerar o aumento contínuo das despesas assistenciais, provocado também pela incorporação de tecnologias caras e pela judicialização da saúde. Já o advogado Elano Figueiredo, ex-diretor da ANS, avalia que o número final resultou de diferentes pressões — governo, sociedade e empresas — e reconhece que o cenário atual já indicava a necessidade de um reajuste mais moderado, como já vinha ocorrendo nos planos coletivos.
É preciso manter o otimismo e continuar operando de forma estratégica
O limite obriga operadoras e seguradoras a repensarem o modelo tradicional de repasse automático de custos. Com a margem de reajuste menor, ganha espaço uma abordagem baseada em gestão de despesas, otimização de processos e geração de valor para o beneficiário. Mais do que um desafio, o novo teto atua como catalisador para a transformação estrutural do setor de saúde suplementar. Em vez de enxugar serviços ou sacrificar a qualidade, operadoras mais preparadas têm buscado soluções inteligentes para equilibrar a conta, continuar apostando em tecnologia e em novos formatos de atendimento que reduzam custos operacionais adicionais.
Eficiência tecnológica como motor do crescimento
Ferramentas como inteligência artificial na previsão de sinistros, telemedicina, monitoramento remoto de pacientes crônicos e a integração de dados clínicos elevam a sofisticação operacional e promovem um modelo de cuidado mais proativo. Embora demandem investimento inicial, essas tecnologias permitem antever necessidades, otimizar recursos, e entregar serviços mais rápidos, possibilitando maior controle sobre os serviços prestados. Pode também contribuir para o equilíbrio dos custos assistenciais frente ao reajuste, oferecendo valor ao cliente, dentro das possibilidades vigentes.
Oportunidade para diversificar produtos e fidelizar clientes
Corretores e consultores de seguros podem sugerir a oferta de planos customizados, que contemplem modalidades coletivas por adesão ou empresariais, que não estão sujeitas ao teto da ANS. Além de indicar produtos complementares que agreguem coberturas específicas e serviços digitais – ampliando a capacidade de negociação junto às operadoras. Nesse quesito, a comunicação ativa com o consumidor possui alta relevância, tornando-se indispensável investir em abordagens que esclareçam as regras, benefícios e limitações dos planos. Corretores e seguradoras que adotam essa postura constroem maior confiança e fidelização, aspectos preciosos em um mercado cada vez mais exigente e competitivo.
Sustentabilidade como visão de longo prazo
A decisão da ANS revela o papel da regulação como instrumento para fomentar equilíbrio entre sustentabilidade econômica e proteção ao consumidor no setor de saúde suplementar. Para corretores e operadores, o caminho está na adaptação, visão estratégica e no desenvolvimento de uma cultura capaz de transformar os desafios em oportunidades de crescimento e diferenciação competitiva. A medida requer que o mercado segurador repense suas estratégias para garantir sustentabilidade financeira sem perder o foco na qualidade e na satisfação do segurado. A inteligência de dados, a transformação digital, e um verdadeiro trabalho em equipe, são fundamentais para que as operadoras naveguem com sucesso neste novo panorama.