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“Adolescência” da Netflix levanta debates e soluções digitais para proteger crianças online ganham força

“Adolescência” da Netflix levanta debates e soluções digitais para proteger crianças online ganham força
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érie da Netflix intensifica o debate sobre redes e juventude

A série “Adolescência”, da Netflix, reacendeu o debate sobre os impactos da internet no desenvolvimento emocional e psicológico dos jovens. Como destaca uma matéria da Forbes Brasil, as redes sociais podem potencializar transtornos de ansiedade, distorções de imagem corporal e sentimentos de inadequação, especialmente entre adolescentes em fase de amadurecimento. Conforme a matéria, um estudo da Universidade de Oxford reforçou essa preocupação, alegando que adolescentes que passam mais de três horas diárias nas redes têm 60% mais chances de desenvolver depressão. A trama da Netflix ilustra a história de um menino de 13 anos, supostamente influenciado por conteúdos online, sugerindo os perigos reais de um ambiente digital sem regulação. As redes sociais incentivam o consumo contínuo de conteúdos, que podem muitas vezes ser nocivos para crianças e adolescentes. Neste cenário, é necessário um esforço coletivo entre famílias, governos, educadores e empresas para promover um ambiente digital mais seguro, com regulação de algoritmos, plataformas educativas e tecnologias com propósito ético.

Estudo revelou que pais buscaram aumentar o monitoramento online dos filhos após repercussão da série

Após o sucesso de “Adolescência”, houve um aumento considerável no interesse dos pais por ferramentas de controle digital. Um estudo da empresa Timelens revelou um crescimento de 145% na busca por aplicativos de monitoramento nos últimos dois anos, com foco principal no bloqueio de conteúdos. A série, que atingiu o topo do ranking em 71 países e acumulou 24 milhões de visualizações em uma semana, reacendeu discussões sobre a exposição infantil nas redes sociais, especialmente em um contexto onde o primeiro contato com a internet ocorre cada vez mais cedo. Junto a isso, cresce também a autonomia digital dos jovens: 70% já sabem configurar a privacidade em suas redes. O levantamento analisou mais de 214 mil menções nas redes sociais, revelando que 92,3% das reações à série foram positivas, destacando temas como masculinidade tóxica, impacto emocional e relevância global. 

Uma proteção que começa em casa 

O ambiente digital tornou-se parte inseparável da infância e juventude contemporânea. Redes sociais, jogos online e aplicativos fazem parte da rotina desde cedo — e isso tem gerado preocupação. De acordo com uma divulgação da CNN Brasil, crianças com menos de 10 anos já estão ativamente presentes nas redes sociais, o que as expõe a riscos como cyberbullying, aliciamento, acesso a conteúdos impróprios e manipulação algorítmica. Uma pesquisa do CS Mott Children’s Hospital revelou que cerca de 50% dos pais de crianças de 10 a 12 anos, e quase um terço dos pais de crianças de 7 a 9 anos, relataram que seus filhos utilizaram redes sociais nos primeiros meses do ano. A preocupação dos pais gira em torno da segurança e muitos temem que os filhos não consigam identificar perfis perigosos, compartilhem dados pessoais ou sejam expostos a conteúdos nocivos. Embora exista legislação para proteger a privacidade online das crianças, como a Lei de Proteção à Privacidade Online das Crianças (COPPA), 17% dos pais ainda não utilizam controles parentais — seja por falta de conhecimento, tempo ou confiança na eficácia desses recursos. Especialistas apontam que, mesmo diante do cansaço e sobrecarga dos pais, é fundamental assumir um papel ativo na mediação do uso das redes sociais pelas crianças. Para isso, é importante escolher aplicativos com recursos de segurança, pesquisar conteúdos apropriados, usar bloqueios e senhas, além de manter um diálogo aberto com os filhos sobre os riscos online.

Seguradora lança solução para apoiar pais e proteger crianças 

Para enfrentar esse cenário, seguradoras lançaram uma solução digital voltada para famílias, com recursos como monitoramento de atividades online, alertas de riscos digitais e suporte personalizado para os pais. A proposta vai além de um simples antivírus: trata-se de uma plataforma educativa e preventiva, que empodera os pais com ferramentas práticas para acompanhar a navegação dos filhos e promover um uso mais consciente da internet. O caso é um exemplo positivo de como o setor privado pode agir de forma proativa. Contudo, soluções pontuais não substituem a necessidade de um ecossistema digital mais seguro por design, com regras claras, educação digital desde a infância e estímulo à cidadania online.

Responsabilidade compartilhada: o papel de cada agente

A crescente exposição de crianças a ambientes digitais inseguros mostra que a responsabilidade por sua proteção vai além dos pais. Segundo um artigo publicado no Migalhas, é necessária uma ação conjunta envolvendo escolas, que devem tratar o tema de forma estruturada; empresas, que precisam desenvolver tecnologias de proteção eficazes; e o Estado, que deve impor regulações mais rígidas. “Adolescência” traz à tona questões de extrema importância no que diz respeito à responsabilidade da sociedade na proteção dos direitos infanto juvenis – que estão resguardados pelo princípio da proteção integral previsto na Constituição Federal e no ECA. O artigo do Migalhas aponta que, diante da formação ainda em desenvolvimento do cérebro adolescente, conforme apontam a neurociência e a psicologia, é fundamental priorizar políticas públicas e medidas socioeducativas. Nesse sentido, a produção da Netflix insinua como o ambiente escolar, a cultura digital e as redes sociais moldam a identidade dos jovens e podem intensificar vulnerabilidades. A obra provoca reflexões sobre a fragmentação de responsabilidades entre os diversos agentes sociais. Através dessas repercussões, cabe discutir acerca da necessidade de uma abordagem mais integrada e efetiva por parte do sistema jurídico e das instituições envolvidas na proteção de crianças e adolescentes.

Do play à proteção

O sucesso da minissérie “Adolescência” além de atrair um alto número de espectadores, mas também acendeu um alerta coletivo sobre os perigos invisíveis que rondam a infância e a juventude no universo digital. A repercussão da obra estimulou debates públicos, impulsionando um salto na busca por ferramentas de monitoramento, aumentando a necessidade de vigilância dos pais. Porém, o cenário atual exige uma rede de proteção compartilhada, com a ação das famílias, escolas, empresas de tecnologia e o poder público. A série reflete as implicações de uma geração que cresce conectada, porém muitas vezes desamparada, diante de conteúdos inadequados, pressões sociais e dinâmicas digitais excludentes. Enquanto o ambiente online se torna parte inevitável da vida infantil, cabe à sociedade como um todo atuar de maneira coordenada para garantir que o universo online seja um espaço de crescimento (e não de trauma) para as novas gerações.

Postado em
21/5/2025
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