iversos setores da economia têm experimentado um movimento de transformação cultural, que impacta diretamente na adoção de novas tecnologias para automatizar processos, agilizar entregas, personalizar o atendimento e oferecer uma melhor experiência ao cliente. Em níveis e complexidades diferentes, as corporações se movimentaram para se manterem competitivas num cenário dinâmico e de muitas incertezas. No setor de seguros, a situação não foi diferente.

Investimento bilionário em tecnologia

Várias seguradoras investem fortemente na tecnologia, Players como Prudential e Bradesco Seguros, por exemplo, investem bilhões em tecnologia e inovação (a Bradesco Seguros, inclusive, ganhou o prêmio global de inovação). Ainda assim, o Brasil ainda está absurdamente atrasado em relação aos investimentos na computação em nuvem.

Atraso de 4 anos no mercado de computação em nuvem

Há alguns desafios para que a indústria consiga investir mais . Henrique Cecci, diretor sênior de pesquisa do Gartner afirmou, durante sua participação no Summit – um panorama do mercado de cloud no país e no mundo, que o Brasil amarga quatro anos de atraso no mercado de computação em nuvem.

Custo do serviço de computação em nuvem no Brasil é 78% mais alto do que nos EUA

Ainda segundo Cecci, as estratégias política e econômica empreendidas no país nos últimos anos fizeram com que os serviços de computação em nuvem sejam 78% mais caros do que nos Estados Unidos, por exemplo.

Mesmo com as dificuldades, vale a pena investir

Apesar das dificuldades, o seguro é um dos principais beneficiários da adoção da nuvem. Em seu relatório trimestral de 2022 “Cloudy with a Chance of Billions”, a McKinsey identifica o seguro como um dos principais beneficiários da adoção da nuvem, prevendo um aumento do setor entre 43% e 70% no impacto como parte do EBITDA de 2030. Dentre os diversos benefícios operacionais e técnicos, há alguns que se destacam, tais como: capacidade de se adaptar a diferentes ambientes de trabalho,  facilitar a experimentação, acelerar a inovação e gerar mais eficiência nos negócios.  Do ponto de vista do cliente final, a utilização da nuvem significa experiências e resultados de serviço melhores e mais rápidos nos pontos de contato com a seguradora.

Uso da tecnologia baseada em nuvem para transformar a forma como os sinistros de seguros de automóveis são tratados

A diretora de preços da UK Home and Motor insurtech Policy Expert, Christine Minetou, descreve um cenário de caso ideal em relação aos benefícios das ferramentas baseadas em nuvem: o uso deste tipo de tecnologia para transformar a forma como os sinistros de seguros de automóveis são tratados. “A cidade inteligente de Shenzhen estabeleceu um nível de conectividade que melhorou os fluxos de transporte, eliminou os engarrafamentos e permitiu a identificação de potenciais pontos de acidentes. Isso também significa que as equipes de resposta podem ser posicionadas perto dessas áreas para acessar o local de um acidente em minutos, alcançando tempos de resposta que fazem inveja aos serviços de emergência. Uma vez lá, as equipes de resposta do seguro podem tirar fotos que podem ser carregadas imediatamente para que a responsabilidade possa ser estabelecida e o custo dos danos possa ser avaliado – tudo por sistemas automatizados”.

“O grande aspecto de cloud é o fato de as plataformas digitais possibilitarem o crescimento e a transformação dos negócios”

Ainda durante sua participação no Summit, Henrique Cecci explicou que o motor no mercado de nuvem hoje são os valores básicos de cloud, como escalabilidade, elasticidade, flexibilidade e agilidade. Segundo ele, todos estes atributos são fundamentais hoje para os negócios. Ele acrescenta: “O grande aspecto de cloud é o fato de as plataformas digitais possibilitarem o crescimento e a transformação dos negócios” e finaliza: “Se pegarmos, por exemplo, o caso da Amazon, a lucratividade da AWS frente ao grupo como um todo é muito grande. Hoje, no Gartner, já falamos que não há estratégia de negócio apartada de uma estratégia de cloud”.

Quem investiu já está colhendo os frutos

Segundo o estudo “O Valor da Nuvem Para o Setor de Seguros”, realizado pela Accenture, menos de 10% do total da carga de trabalho das seguradoras está alocado em plataformas de cloud. Segundo o estudo, as seguradoras que tomaram medidas precoces e investem na nuvem há algum tempo já estão colhendo os benefícios.O material apura que as empresas devem responder às pressões do mercado para enfrentar a recuperação e encontrar nichos de crescimento em seus negócios principais e periféricos, afinal jornadas digitais mais eficientes e modelos diretos ao consumidor foram potencializados pela Covid-19 e são uma realidade para o setor de seguros.

Além disso, segundo a Accenture, a redução de custos através da nuvem pode mitigar os impactos de eventuais acréscimos de custos com pagamentos de sinistros. Assim, de acordo com os estudos e com os fatos abordados, a realidade estabelecida é a de que as seguradoras precisam investir mais na adoção de tecnologia em nuvem para agilizar e melhorar os resultados dos negócios.