transformação digital, que foi intensamente acelerada pela necessidade do uso de ferramentas digitais durante a pandemia, influenciou uma grande parte do setor de seguros. No entanto, nem todos da mesma maneira nem na proporção adequada.

Setor de seguros não está entre os que mais investem em tecnologia no Brasil

Uma pesquisa realizada pela Cortex, revelou que os setores de Varejo e Serviços são os que mais investem em tecnologia para auxiliar o crescimento do negócio. Em seguida estão Financeiro, Indústria e Logística. No setor de varejo, líder em adoção tecnológica, o comércio de vestuário e acessórios, produtos alimentícios e produtos farmacêuticos são os que mais se destacam.As micro e pequenas empresas representam 82% dos negócios que mais adotam tecnologias para auxiliar o crescimento do negócio. 

Mesmo dobrando seus lucros no primeiro trimestre de 2022, o setor de seguros não está entre os que mais investem em tecnologia. Ainda assim, o papel das inovações tecnológicas têm tendência a ser progressivamente crescente na área, de acordo com previsões de vários estudos.

Efeitos perceptíveis a partir de 2024

A Capgemini Brasil desenvolveu, em parceria com o consultor Francisco Galiza, uma pesquisa inédita sobre como o mercado está reagindo ao primeiro ano de implementação do Open Insurance, os desafios encontrados nesta etapa de transição e etc. 

O estudo “Análise de Mercado do Open Insurance: Desafios, Oportunidades e Estratégias” ouviu, entre fevereiro e março de 2022, mais de 60 executivos com altos cargos em seguradoras, grandes corretoras, insurtechs, resseguradoras, entidades representativas, dentre outros agentes do mercado, e construiu um balizador, com análise de mercado e indicador. Entre as principais conclusões do relatório estão a data base de 2024 – para que os efeitos dos avanços promovidos estejam mais perceptíveis. Roberto Ciccone, vice-presidente para Serviços Financeiros da Capgemini Brasil, afirmou: "Entre os principais aprendizados detectados está o ano base de 2024, momento em que os avanços e esforços realizados para o Open Insurance estarão maduros. Por isso, torna-se de extrema relevância, que as empresas atualizem suas plataformas tecnológicas e acompanhem os movimentos de mercado desde já, para oferecerem novos produtos e de fato atuarem na omnicanalidade"

Implantação de processos inteligentes, inovação e ecossistema aberto 

A pesquisa também apontou que os produtos com menor complexidade serão os com maiores mudanças – Vida, Auto, Massificados e Previdência -, e que as organizações devem implantar medidas de foco no cliente, processos inteligentes, inovação e ecossistema aberto para não perderem espaço no mercado. 

"A tecnologia, a nova regulamentação e a evolução do mercado mudaram a dinâmica do segmento”

O resultado apontou para um rico panorama de transformação e elevado nível de competitividade que irá se instalar nos próximos anos, além dos desafios e a necessidade da tomada de ações imediatas pelas companhias do setor. "A tecnologia, a nova regulamentação e a evolução do mercado mudaram a dinâmica do segmento. As companhias que estavam em uma zona de conforto precisarão demonstrar resiliência para se adaptarem e permanecerem relevantes para o consumidor", Gustavo Leança, líder de soluções para Seguros da Capgemini Brasil.

O papel crescente da tecnologia

O Relatório Global de Seguros 2023, da McKinsey — que está sendo lançado em capítulos — revela, no capítulo relacionado ao Seguro de Vida, que a tecnologia ganha um papel crescente à medida em que as expectativas dos clientes estão aumentando em relação ao nível de serviço, incluindo o desejo de integrar a tecnologia digital aos produtos convencionais. 

O estudo destaca que muitas empresas mudaram seus modelos de negócios para aumentar a adoção de tecnologias disruptivas, como computação em nuvem e IA aplicada, e usaram formas de trabalho mais ágeis, bem como novas estratégias de atração de talentos e aponta esse uso progressivo da tecnologia como uma das forças primordiais para criar oportunidades para a indústria.

Mudança de valor em direção à distribuição

Além da inovação contínua e da mudança de valor em direção à distribuição, o setor também está passando por uma mudança estrutural em direção a uma distribuição mais independente. Muitas empresas se afastaram da distribuição cativa ou afiliada devido ao aumento da comoditização de muitos produtos de seguros e anuidades e à arquitetura de tecnologia cada vez mais aberta e às opções oferecidas pelos distribuidores de seguros. Nos Estados Unidos, os distribuidores terceirizados estão se tornando cada vez mais dominantes, expandindo sua participação no mercado de 49% em 2010 para 55% previstos em 2021; por outro lado, as redes de distribuição proprietárias estão diminuindo em prevalência, de 30% para 26% durante o mesmo período. Na Europa e na Ásia, podemos observar um aumento semelhante, embora menor, de distribuidores terceirizados. No mesmo prazo, a Europa aumentou sua participação no mercado de 17% para 18%, e a Ásia aumentou sua participação de 8% para 11%. Na Ásia, a participação da distribuição terceirizada ainda é baixa em geral, e seguradoras selecionadas com distribuição proprietária de alta qualidade continuarão a ver a criação de alto valor a partir desse modelo.

Ferramentas tecnológicas estarão cada vez mais presentes

Assim, de acordo com vários estudos recentes mencionados neste texto, a tecnologia continuará a ter um papel crescente na indústria de seguros e os movimentos do presente de algumas seguradoras e insurtechs já demonstram que a tendência é certeira. A Klimber, por exemplo, aposta no uso de APIs e em parcerias estratégicas para desenvolver produtos personalizados e expandir acesso ao seguro, a Bradesco Seguros que, dentre as diversas iniciativas tecnológicas, lançou recentemente um aplicativo para melhorar ainda mais a jornada do cliente, a insurtech Pottencial, investe também em APIs, monta parcerias para oferecer milhares de bolsas de estudo para profissionais da área tecnológica e se preocupa em estar sempre inovando. Dessa maneira, com muitos players já participando e ajudando a desenhar um futuro ainda mais conectado, as ferramentas tecnológicas estarão cada vez mais presentes na indústria de seguros, tornando o negócio mais moderno, lucrativo e responsivo às necessidades da sociedade em constante mudança.